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Medeiros Neto

Especial Medeiros Neto 57 Anos: Oscar Monteiro: 105 anos de história

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Nascido em 22 de agosto de 1910, o ex-vereador por quatro legislaturas Oscar Monteiro conta um pouco de sua trajetória política em 57 anos de vida pública – desde que chegou ao distrito de Itupeva/Medeiros Neto, em 1958, ano da emancipação do município.

“Quando aqui cheguei não era político, não conhecia político, mas, uma coisa eu já sabia, que era votar”.

 

O centenário Oscar Monteiro representa a história viva do município de Medeiros Neto, tendo dedicado metade desses 105 anos à família, à política e ao crescimento e desenvolvimento do distrito de Itupeva; quando não foi eleito, elegeu o filho vereador.

 

Segundo o senhor Oscar Monteiro, sobre a época da emancipação, encabeçada por Deolizano Rodrigues de Sousa, ele pouco lembra em razão da sua chegada ter acontecido no mesmo ano, mas, soube da importância da participação do senhor Dozinho, que era o apelido de Deolizano Rodrigues de Souza, fazendeiro forte, dono de toda área que rodeava o distrito de Itupeva.

 

Antes de se mudar para Itupeva, morou em Águas Formosas/MG, de onde transferiu logo o título de eleitor para votar no distrito. Lembra que Medeiros Neto não era emancipado, ainda pertencia ao município de Alcobaça, de onde Dozinho era vereador, “acho que foi até prefeito lá. Ele conseguiu com dr. Oscar Cardoso a emancipação”, conta. A emancipação se deu em 14 de agosto de 1958, sendo que somente em 29 de abril 1959 ocorreu a posse do primeiro prefeito eleito, o Celso Neves, quem pouco pôde fazer pelo distrito, porque o município era pobre, “município novo e o dinheiro era difícil; não era fácil como hoje”, revela.

 

Trajetória

 

“Tive seis filhos, não sou filho daqui, sou filho de Itabuna. Na minha vida, aprendi a assinar meu nome em Portal de Ilhéus, onde só tinha uma rua na casa de palha. Meu pai, naquela época, pobre, perdeu tudo que tinha para os coronéis, comprou um sítio em Portal, mas, não tinha condições de manter, aí acabou vendendo e fomos para Olivença. Eu entrei na escola em Olivença misturado com os índios, ali eu aprendi a caçar e outras coisas. Mas, era menino.

 

A única coisa que tenho certeza é que fui criado pobre, dali deu vontade de ir embora para Minas Gerais, ganhei um trocando e fui embora. Chegando lá, comprei uma tropa, só que o dinheiro não deu para pagar tudo, fiquei devendo uma parte. Fui embora para Aparecida Mineira, que hoje chama Jordânia, comecei trabalhar, novo, solteiro, lutei, lutei, depois fui parar em Itaubeira, com carregamento de paina, só com minha tropa e com outros que estavam comigo.

 

Vendemos esse carrego em Joaíma, desci e pedi informação para um viajante, ele me deu uma informação e fui para Carlos Chagas/MG. Gostei da região, fiquei trabalhando, fiz meu lugar de paradeiro. Em Águas Formosas, a primeira pessoa que tomei conhecimento já é falecido – seu Daguinho (pai de Adamastor) –, que, depois, foi morar em Medeiros Neto. Ele chegou em nossa tropa querendo que eu comprasse um carregamento de feijão, só que eu não tinha dinheiro e disse a ele que só fazia frete, mas, juntou eu com  outro pessoal e acabamos comprando”, lembra.

 

Ele segue contando que quatro depois voltou para sua terra e “arrumou uma companheira”, porém, não “deu certo”.  E prossegue, com plena lucidez e memória invejável, narrando sua história: “Nesse mundo todo rodei com tropa, tive gado e outras coisas, vendi tudo, comprei um caminhão e vim parar aqui. Criei meus filhos tudo aqui [sic], hoje faço parte da história da Bahia. Adquiri muito conhecimento na política, hoje tenho amigos deputados, como o ex-governador Lomanto Júnior, que tomou café no meu rancho aqui comigo.”

 

Retomando aos assuntos afetivos, conta que “depois, ganhei um dinheiro com um comércio que eu tinha, minha mulher junto comigo, trabalhadeira”. Com alegria, revela que a casa ainda é a mesma daquela época e orgulha-se por nunca ter feito inimigos políticos.   “Eu nunca tive maldade com pessoa nenhuma; politicamente, não tinha inimigos”.

 

Vida política

 

“Entrei na política por indicação do amigo Edivaldo Viana, que morou em Águas Formosas e depois aqui na região. Ele disse ao Sr. Dozinho que aqui morava uma pessoa pobre, mas, muito direita, que procurasse ajudá-lo. A partir daí, Dozinho veio aqui em casa, conversou comigo e me colocou dentro da política, no partido da UDN.”

Senhor Oscar fora eleito vereador pela primeira vez em 1962, quando também se tornou presidente da Câmara em 1964, que ele explica: “houve a cassação do prefeito Jorge Maron/PSD, na época do Regime Militar, o presidente da Casa, vereador Deoclécio Pereira Sobrinho, assumiu o lugar do prefeito e eu a presidência da Câmara Municipal, tal ato ocorrido numa Sessão Extraordinária no antigo Club Cabrália”.

 

“Na ocasião, a maioria do pessoal era UDN, e eu entrei na política sem ter conhecimento, quem me ajudou aqui foi Dionor – vivo ainda. Ele foi um dos primeiros vereadores, aqui se elegeu três vereadores, não naquela ocasião que eu fui eleito, foi antes”.

Lembra, sorrindo, de um “valentão, que era Antônio Rebouças. Ele ficou numa posição perigosa porque era muito valente e terminou indo embora daqui”.

Oscar Monteiro se reelegeu de novo na eleição de 1966, disputada entre tenente Braulino e Ramalho, tendo vencido o segundo. Em 1970 não foi eleito; depois foi eleito com Ramalho novamente, e em 1972, ficou também no tempo de Paranhos (1977/1982); com Adelgundes elegeu o filho Nivaldo, depois voltou com Beto Pinto (1989/1992); em 1992 elegeu o filho Nivaldo na eleição do prefeito Luiz Fernando; que se reelegeu em 1996, na segunda gestão de Beto Pinto.

 

Segundo o Sr. Oscar, a sua família esteve por nove mandatos com representatividade na Câmara de Vereadores: cinco do filho e quatro dele. Segundo ele conta, seriam 10, entretanto, um lhe foi tirado “no tapetão”, pois não lhe deixaram assumir. Também já foi candidato a vice-prefeito, em 1992, na chapa do dr. Aidalvo, que perdeu para Luiz Fernando, segundo ele, numa das eleições mais caras da história política do município.

 

Luta pela educação

 

“A política que eu participei só fez bem para Itupeva, a mim não. Eu vivia agarrado no serviço, mas, o que eu fiz de bom para Itupeva foi, primeiramente, a educação. Conversei com Dozinho e dona Eugênia, que era inspetora da região do Extremo Sul. Eu consegui tudo para Itupeva na parte de educação. Na época que cheguei aqui só existiam três professores particulares, depois, eu que trouxe ginásio para Itupeva, trouxe professores de Caetité do Livramento, depois o deputado Leur Lomanto conseguiu uma verba para construir um colégio, essa verba veio para Paranhos. Ele veio aqui, conversou comigo, estudamos o lugar e conseguimos o lugar para construir o colégio e uma biblioteca e eu como vereador aqui dentro ele me entregou para tomar conta.

 

Como Medeiros Neto não tinha os materiais, eu fui a Nanuque e abri uma conta, e consegui Serrinha, Zé do Arroz e outro para serem meus fiadores na casa de materiais. Chegando lá, o rapaz disse que não precisaria desse tanto, expliquei para que serviria o material e que o pagamento seria feito ao final da obra. Depois de tudo combinado, Paranhos veio, colocou a pedra fundamental do colégio e da biblioteca, que o prédio existe até hoje. Entreguei a chave do prédio pronto e Paranhos veio inaugurar, já foi reformando muitas vezes e já saiu daqui muitos e muitos alunos – e partiu de minha iniciativa. E com minha iniciativa coloquei 28 escolas no setor rural de Itupeva, a primeira escola do Mutum fui eu que instalei, reformei também sala de escolas. Posso te dizer, então, que minha luta foi na educação”.

 

Fonte: Jornal Alerta

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